segunda-feira, 26 de março de 2012

Cadelinha de três meses fica paralítica por causa de maus tratos do dono, polícia vai investigar sobre o caso. (Que seja feita justiça )

A Polícia Civil abriu inquérito nesta sexta-feira (16) para apurar um caso de maus-tratos contra uma cadela vira-lata de 3 meses, que teria sido chutada pelo tutor e perdeu os movimentos das patas traseiras. A cadelinha, que foi batizada como Mel, está há 19 dias em uma clínica veterinária de Campo Grande, e teria sido levada pelo tutor que não voltou ao local. De acordo com a médica veterinária Ana Lúcia Salviatto, a cachorrinha foi deixada na clínica no dia 27 de fevereiro por um homem que dizia tê-la encontrado na rua. Dois dias depois o suspeito acabou dizendo que tinha chutado o animal. “Nós desconfiamos e no final ele disse que tinha a mal tratado e nunca mais apareceu”, recorda a veterinária. Mel teve fratura na tíbia e os membros inferiores ficaram paralisados, a cadela não anda e não consegue se equilibrar nas patas da frente. A filhote toma medicamentos para fortalecimento muscular e vitaminas. Ana Lúcia afirma que uma cirurgia, sessões de fisioterapia e acupuntura serão necessárias para que a cadela tenha melhor qualidade de vida. “As chances dela andar são mínimas, depois da cirurgia vamos avaliar a condição clínica dela”. Depois de estabilizar a saúde do animal, a médica divulgou o caso nas redes sociais. A foto da cadela foi visualizada por várias pessoas e a lista de possíveis novos tutores da Mel já passa de 100 pessoas de cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, Campinas e até Londres, na Inglaterra. A veterinária conta que no primeiro contato que teve com a cadela chegou a pensar em praticar a eutanásia em razão das dores que o animal sentia, mas depois de analisar a condição clínica, resolveu continuar com o tratamento. “Nós vamos explicar para as pessoas que não é um animal fácil, o trabalho e gasto serão grandes. Se ninguém tiver condições, vamos ficar com ela aqui na clínica. Já estão todos apegados”, conta Ana Lúcia.


O delegado Miguel Said da 1ª Delegacia de Polícia Civil da capital disse ao G1 que soube do caso através das redes sociais e decidiu investigá-lo. “Nós tomamos conhecimento e entramos em contato com a clínica, as investigações estão iniciando e temos alguns indícios que podem ajudar na identificação do suspeito”. A pessoa responsável pela agressão pode responder por crime de maus-tratos, com pena de três meses a 1 ano de detenção. De acordo com o delegado, o caso deve ser repassado para a Delegacia Especializada de Repressão a Crimes Ambientais e Proteção ao Turista ainda nesta sexta-feira. Médicos veterinários de várias especialidades se prontificaram a atender a filhote depois que souberam do caso pela internet. Fisioterapeutas, acupunturistas e um médico ortopedista irá realizar a cirurgia sem cobrar nada. Uma cadeira de rodas adaptada, conhecida como carrinho, também deve ser doada para que Mel consiga se locomover com as patas da frente. “No início queríamos um dono, agora estamos buscando doações para que ela tenha toda o tratamento de ótima qualidade sem custo algum”, afirma Ana Lúcia.



Fonte:anda.jor.br 

sexta-feira, 23 de março de 2012

Caso Dalva


Exame toxicológico confirma que alta dosagem de anestésicos levou 37 animais saudáveis à morte

22 de março de 2012 às 6:00

Por Fátima Chuecco (Da Redação)

O laudo toxicológico apontou que os 37 animais encontrados em sacos de lixo e na casa de Dalva Lima da Silva, na noite de 12 de janeiro, na Vila Mariana (SP), foram a óbito devido a uma alta dosagem de anestésicos injetados diretamente no coração. Todos os animais, na maioria filhotes, tinham uma perfuração no peito. A única exceção é da cachorrinha de laçinho rosa (foto), entregue à Dalva algumas horas antes do crime, que apresentava 18 furos na região peitoral, o que indica que houve dificuldade em localizar o coração do animal e isso deve ter causado um sofrimento terrível.
Dalva alega ter aprendido a matar os animais com um veterinário amigo da família. A médica veterinária Rafaela Costa Magrini explica que acertar o coração pode ser fácil para quem estudou a anatomia do animal, mas uma pessoa sem conhecimento e prática teria dificuldade. Ela diz também que a administração intracardíaca pode doer: “A perfuração no coração causa um incômodo e um pouco de dor, mas o que pode ter sido mais dolorido são as várias perfurações em animais sadios. Além disso, eles deviam ficar com muito medo e o estresse da situação aumenta o nível de dor”.
Na casa de Dalva foram encontradas agulha de grosso calibre. A veterinária esclarece que, dependendo do tamanho do animal, a agulha deve ser mais ou menos comprida, com maior ou menor calibre. Caso não seja dessa forma, o animal sentirá muita dor, pois, terão que ser feitas várias tentativas para acertar o coração.
“O tipo de medicamento também influencia. Existe medicamento exclusivo para eutanásia que causa uma parada cardiorespiratória sem que o animal sofra, porém, vários profissionais só realizam esse procedimento, mesmo com esse medicamento, começando com uma anestesia geral. Na necessidade de uma eutanásia sou a favor de uma morte sem qualquer sofrimento”, diz.

Será que Dalva agia sozinha?
Filhotes de gatos podem oferecer pouca resistência, mas Dalva também matou gatos adultos e cachorros. “Só é possível realizar o procedimento intracardíaco sem ajuda de ninguém se o animal estiver muito doente (inapetente), mas caso esteja saudável e forte precisará ser imobilizado de alguma forma”, comenta a veterinária.
Na casa localizada à Rua Mantiqueira, número 168, onde Dalva residia, há duas outras casas menores no subsolo e numa delas vivia a filha mais velha, Alice Queiroz, de 22 anos que disse à polícia desconhecer o que a mãe fazia. Inclusive, por falta de indícios e testemunhas, Alice não será processada. A outra casa era normalmente alugada, mas na ocasião do flagrante estava vazia.
Na parte superior na casa está o ponto mais macabro da história. Um quartinho sem janelas, parecido com um porão, que bate com a descrição dada por uma antiga faxineira da casa. Ela contou que era proibida de entrar nesse recinto, mas nas raras ocasiões em que esteve lá para a faxina, viu sangue, fezes e urina. Na noite da vistoria o quartinho foi revistado: havia móveis velhos, jornais e gaiolas.
Ficha Suja
O próximo passo é o laudo dos vidros de remédio encontrados na casa, Dopalen e Xilazin, a fim de descobrir se os princípios ativos são de uso controlado ou proibido. Em seguida, o delegado José Celso Damasceno, responsável pelo caso junto à Divisão de Investigações Contra o Meio Ambiente do DPPC (Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania), relatará ao Juiz com o intuito do caso ser encaminhado para o Ministério Público Criminal.
Um fato importante, que não encerra o assunto, mas ajuda, é que independente do resultado do processo que Dalva responderá por maus-tratos com resultado de morte, seu nome ficará para sempre marcado como tendo passagem pela Polícia. Isso porque o delegado a indiciou criminalmente. Como as leis brasileiras ainda são bastante brandas para casos como esse, não aumentando a pena para pessoas que matam animais em série ou em massa (e Dalva se inclui nas duas categorias), a população teme que o desfecho seja apenas a cobrança de uma multa ou serviços comunitários.
Contradições de uma mente perversa
Vale lembrar que Dalva confessou estar matando animais há pelo menos um ano em função da escassez de adotantes e custo elevado com veterinários, mas dos 37 animais encontrados mortos na noite de 12 de janeiro, ela só assumiu ter matado seis por estarem, segundo ela, “muito doentes”. No entanto, após as necrópsias, constatou-se que todos os animais estavam saudáveis e perfeitamente adotáveis.
Dalva recebe duas pensões alimentícias e tem mais de um imóvel. Seu rendimento mensal, segundo seu próprio advogado, é o suficiente para ter um bom padrão de vida e bancar escola particular para duas filhas – lembrando que Alice entrou na USP esse ano e não precisa mais de suporte financeiro para os estudos como antes. Ou seja, aparentemente, não há motivação comercial para os crimes e nem faltava dinheiro para ração e custos veterinários.
Além disso, se ela alega não ter condições de doar e nem de ficar com os animais, por que continuava recebendo-os? A Santa Casa de Misericórdia, com ajuda do CCZ e de protetores, entregou cerca de 300 gatos na casa de Dalva alguns anos atrás, cujo paradeiro ela nunca soube informar. Outra testemunha contou ao delegado Damasceno ter visto Dalva aplicando uma injeção diretamente no peito de um gatinho levado para doação. O gato “apagou” na hora. Dalva disse que era só para “acalmar” o bichinho.
Outro depoimento dúbio: Dalva alega “amar os animais”, mas tira a chance deles viverem e os embala em jornais para serem levados embora como lixo. Dizia para as pessoas que arranjaria adotantes para os bichos numa atitude típica de protetora, mas contou ao delegado que nunca disse ser uma protetora ou ter sítio. Algumas testemunhas disseram que uma condição imposta por Dalva era não devolver os animais, ou seja, houve também irresponsabilidade por parte dessas pessoas que não se importaram de saber o destino dado aos bichos entregues a ela.